domingo, 17 de junho de 2007

Oito Pras Onze

Uma sessão especial da mostra Oito Pras Onze comemora o aniversário do point cultural de Goiânia. Inspirada nas cultuadas sessões de meia-noite originadas no final dos anos 60 e começo dos anos 70 nos Estados Unidos, as sessões Oito Pras Onze iniciaram em Goiânia a exibição de obras minimamente divulgadas, oferecendo, assim, distinta opção cultural para as noites da capital.

História da mostra

De um encantamento após assistir à fita Eraserhead, o rei mago Hélio Neiva, de 22 anos, apresentou aos amigos Fabrício Santos e Vanderley Veget a idéia de ampliar o compartilhamento das raridades cinematográficas que os três permutavam entre si. Eles pensaram logo em exibir o filme de David Lynch junto a outros cults como Pink Flamingos (1972) e Saló ou Os 120 Dias de Sodoma (1975).

Veget e Hélio levaram a idéia ao diretor do Cine Ouro, Carlos Brandão, que abraçou o projeto. A mostra foi aprovada, com a condição de que os filmes raros tivessem legendagem em português. Fabrício recebeu a notícia e os três logo começaram a preparar o material para a exibição. Eraserhead e Pink Flamingos foram cedidos por Fabrício, que tinha cópias em dvd, e conseguir Saló ou Os 120 Dias de Sodoma ficou a cargo de Hélio.

Os três reis magos logo decidiram as temáticas e o repertório para os quatro primeiros sábados de mostra e a idéia se tornou cada vez mais sólida. Eles tiveram também o apoio dos funcionários do bar local, que fica aberto durante toda a exibição. O projecionista também topou a idéia e logo no primeiro dia da mostra os organizadores tiveram a surpreendente presença de 175 pessoas. Eles já conseguiram apoio de empresas privadas e Fabrício lembra que os mentores da mostra têm liberdade total para exibirem os filmes que quiserem, na ordem que quiserem.

A sessão especial ocorre no próximo dia 23 (sábado), a partir das 22h52. A entrada custa R$ 5,00 (preço único para a sessão tripla). A mostra é uma realização dos Três Reis Magos e da Secretaria Municipal de Cultura, com apoio da T2 Videolocadora, do Armazém do Livro e do site PoppyCorn. A seguir, os filmes que serão exibidos.

Shortbus
(idem, EUA, 2006, cor)

Gênero: Drama/ Comédia
Produtoras: Fortissimo Films, Process Productions, Q Television
Duração: 101 min
Diretor: John Cameron Mitchell
Elenco: Sook-Yin Lee, Paul Dawson, Lindsay Beamish, PJ DeBoy, Raphael Barker, Peter Stickles, Jay Brannan

No novo filme de John Cameron Mitchell, revelado no ótimo Hedwig and The Angry Inch, “Shortbus” é um ponto de encontro que promove a diversidade sexual, embalada por música e todo um espírito de prazer acima de quaisquer conflitos. A casa “Shortbus” funciona como espécie de refúgio, e Mitchel deixa seu filme transitar entre algo de pura e simplesmente sexual e algo de, na falta de expressão melhor, “hippie moderno/ modernizado”. É quase um comprimido contra toda a correção política e falta de delicadeza

Saló ou Os 120 Dias de Sodoma
(Salò o le 120 giornate di Sodoma, Itália, 1975, cor)

Gênero: Drama/ Horror
Produtora: Les Productions Artistes Associés/Produzioni Europee Associati
Duração: 117 min.
Diretor: Pier Paolo Pasolini
Roteiristas: Pier Paolo Pasolini, Sergio Citti
Elenco: Paolo Bonacelli, Giorgio Cataldi, Umberto Paolo Quintavalle, Aldo Valletti, Caterina Boratto, Elsa De Giorgi, Hélène Surgère

Uma das obras mais perturbadoras da história do cinema, provoca até hoje a ira em muitos de seus espectadores. Baseado livremente em histórias de Marquês de Sade (Círculo de Manias, Círculo da Merda e Círculo do Sangue), passa-se na Itália controlada pelos nazistas, onde quatro libertários fascistas seqüestram 16 jovens e os aprisionam em uma mansão com guardas. A partir daí, eles passam a ser usados como fonte de prazer, masoquismo e morte.

Monstros
(Freaks, EUA, 1932, preto-e-branco)

Gênero: Drama/ Horror
Produtora: MGM
Duração: 62 min.
Diretor: Tod Browning
Elenco: Wallace Ford, Leila Hyams, Olga Baclanova, Roscoe Ates, Henry Victor, Harry Earles, Daisy Earles

Inserindo-nos num espetáculo de horror circense, Tod Browning conta a clássica história do golpe do baú, com uma bela trapezista tentando enganar um anão. Browning, que dirigiu o icônico Drácula com Bela Lugosi um ano antes, aqui parte para uma ousadia que chegou a ser questionada pelos bastidores cinematográficos. Polêmico, por vezes proibido e mutilado, Freaks utiliza verdadeiros “freaks”, pessoas reais portadoras de um corpo conflitante, porém humanizadas e, de fato, humanas.

Durante tortuoso caminho percorrido no Cinema, Freaks, curiosamente, tornou-se de imediato, e por um bom tempo, um próprio “freak” da arte bem ali, na década de 30, ao apresentar o que ficou conhecida como estética do grotesco. Os anos 30 geraram os clássicos de horror da Universal, como Drácula e Frankenstein, mas todos eles inseridos na fantasia assumida; Freaks, já no começo, apontou o oposto por meio do real, tornando-se incômodo para muitos.

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